sábado, 28 de julho de 2012

Um Robin Hood da natureza

Ao roubar alimento guardado por outros animais, as cotias criam condições para a dispersão de sementes e sobrevivência das palmeiras na floresta. (Fotos: Vandré Fonseca)

Graças ao furtos de sementes praticados pela cotias, palmeiras da América Central puderam sobreviver à extinção de seus principais dispersores, os mastodontes, ocorrida cerca de 10 mil anos atrás. Depois de estudo com duração de um ano realizado no Panamá, pesquisa que demonstra a importância dos roedores para a palmeira Astrocaryum standleyanum foi publicada na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
Já era conhecido o hábito das cotias enterrarem frutos que serão consumidos depois, mas o estudo demonstra que elas costumam também roubar os estoques deixados por vizinhos e carregá-los para lugares distantes. E podem repetir o processo várias vezes antes de se alimentar. De acordo com o artigo, uma semente foi enterrada 36 vezes até que finalmente foi devorada. Cerca de 14% das sementes sobreviveram por período que pode durar 1 ano.
A ação coletiva dos roedores substitui o trabalho dos grandes mamíferos, que engoliam e carregavam as sementes por longas distâncias no aparelho digestivo, até que fossem eliminadas. “Como os roedores roubam a mesma semente muitas vezes, ela é levada para um lugar remoto, onde um animal sozinho nunca alcançaria”, afirma um dos autores do estudo, o zoologista Roland Kays, da Universidade Estadual e do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte (EUA). Apesar de parecer um costume feio, o roubo praticado pelas cotias ajuda a natureza. Ao levar as sementes para longe das árvores-mães, as cotias garantem condições para que uma nova árvore possa se desenvolver. Isto é, claro, se não for consumida antes. De acordo com os pesquisadores, a dispersão afasta as sementes de predadores e de doenças. Também permite a colonização de novas áreas e a troca de genes entre diferentes populações da espécie.
Para conhecer o responsável pela sobrevivência da palmeira, os cientistas do Instituto de Pesquisas Tropicais do Smithsonian fixaram transmissores a mais de 400 sementes e montaram um esquema de monitoramento com armadilhas fotográficas. Além disso, identificaram as cotias com etiquetas, para saber quem estava levando os frutos. “Havia o mistério de como estas árvores sobreviveram, e agora temos uma possível resposta”, comemora Kays. O grupo inclui também pesquisadores do Reino Unido, Alemanha, Países Baixos e Bélgica.
- Vandré Fonseca - ((o))eco -

Novidades: reparou no cabeçalho do blog? Tenho páginas com dicas, frases e fotos ecológicas! Fique à vontade para ver e usar!

Bom final de semana!

5 comentários:

MARY "Loba" disse...

Querida Amiga Tetê! Tudo bem?
Já achava as Cotias umas "fofas",agora mais ainda!!!Rss...
Não sei se Vc sabe , mas o amigo DADO presenteou os amigos escritores com um "Blog-Livro", onde poderemos postar nossos trabalhos.
E eu, Mary do Casal de Lobos, ganhei um "Blog-Livro", e já inaugurei com um Conto que escrevi especialmente para o novo espaço, pois queria postar algo inédito! Rss...
Vc pode acessar meu cantinho direto ( http://mary.lobos.zip.net/ ) ou através do Blog do Dado , que tem um link para cada um dos "Blogs-Livros" .
Te espero lá!
Ótimo Fim de Semana!
Beijinhos,
MARY Am, "Loba".

Ane disse...

A natureza é mesmo maravilhosa e sábia!Todos os animais têm seu papel dentro dela.Adorei ler seu post!Beijos ecológicos!

... Morgana disse...

Olá dinduxinha! Passando prá ver as novidades e deixar meus beijos cintilantes. Você tem sempre alguma coisa nova prá gente... Você é D+! Morgana

Luma Rosa disse...

Danadinhas as cotias, heim? E um trabalho de muita observação dos pesquisadores. Imagino quanto tempo levaram para chegar a essa conclusão. Boa semana! Beijus,

ONG ALERTA disse...

Formando o ciclo a vida, beijo Lisette.